quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Brutalidade contra araras estarrece São Leopoldo

Militantes ambientais encontraram os dois animais trucidados no Centro Francisco Amorim.

Polícia Civil investiga quem cometeu o crime ambiental

Foto: Miro de Souza


O destino quis que dois militantes da causa ambiental cruzassem ontem com uma barbárie contra a qual lutam há pelo menos seis anos.
Integrantes da Associação dos Patrulheiros Ecológicos de São Francisco de Assis, a secretária Sara Brandt, 48 anos, e o marido, o auxiliar administrativo Rogério Luiz Brandt, 49 anos, localizaram duas araras trucidadas e mortas na Avenida João Correa, no centro de São Leopoldo, no fim da manhã de ontem. A brutalidade acabou com o feriado de confraternização do casal com a família e estarreceu a cidade do Vale do Sinos.

Os dois voltavam a pé de compras em um shopping na área central da cidade quando, a cerca de meio quilômetro de casa, perceberam um dos animais no chão. Ao se aproximar, encontraram o segundo exemplar em uma lixeira. Revoltados, eles avisaram a Brigada Militar e a organização não governamental a que pertencem.

Ao chegar ao local, o Batalhão Ambiental de Sapucaia do Sul constatou que as aves – uma azul e outra vermelha – estavam sem as patas. Uma delas ainda estava sem a cabeça e outra havia sido depenada. Francisco Miler, presidente da associação, acredita que as anilhas podem ter sido tiradas para terem serem afixadas em outros animais, criados de forma irregular. Esse procedimento tornaria possível burlar a fiscalização.

– Vou encaminhar uma reclamação formal ao Ibama e ao Ministério Público. Espero que este caso não se torne o primeiro de muitos aqui em São Leopoldo – protestou Miler.

Até a noite de ontem, não havia a identificação dos donos dos animais. A suspeita é de que sejam criadores particulares, porque o Zoológico de Sapucaia do Sul afirmou que os exemplares não fazem parte de seu acervo.

A 1ª Delegacia da Polícia Civil de São Leopoldo investigará o caso. Hoje, a BM deve conferir se as câmeras de vigilância instaladas na região – uma das mais movimentadas da cidade – captaram alguma imagem que ajude a identificar os culpados pelo crime ambiental.

“Foi uma das cenas mais tristes que já vi na vida”, diz testemunha que encontrou os animais

Revoltada com o ataque às aves, Sara Brandt, 48 anos, conversou ontem à noite com Zero Hora. Confira os principais trechos:

Zero Hora – Como a senhora encontrou os animais?

Sara Brandt – Eu e meu marido retornávamos do shopping aqui do centro para casa, por volta das 11h, quando avistamos uma arara no chão, próximo a uma lixeira. Quando nos aproximamos, vimos um segundo animal, misturado ao lixo. O curioso é que, na ida para o shopping, cerca de meia hora antes, os animais não estavam ali.

ZH – Depois de encontrar as araras, o que senhora fez?

Sara – Ligamos para a Brigada e acionamos a direção da nossa ONG ambiental na tentativa de encontrar quem fez essa maldade.

ZH – Sendo uma voluntária de uma ONG ambiental, como se sentiu ao deparar com os animais trucidados?

Sara – Foi difícil ver as araras assim, mortas e jogadas. Isso é contra tudo que lutamos na ONG. Foi uma das cenas mais tristes que já vi na vida, pois os animais estavam cercados de crianças incrédulas.

Saiba mais

- As araras costumam viver em pequenos grupos ou casais, nas copas das árvores das matas e cerrados, a fim de se protegerem de predadores, como grandes cobras e aves de rapina.

- Na natureza, emitem sons e gritos característicos, que se assemelham à palavra “arara” (motivo pelo qual os indígenas lhe deram este nome).


Zero Hora - RS

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